Citação
Nem todo usuário de algum tipo de substância Psicoativa é um adicto e DESCONHECEMOS A ORIGEM DESSA DOENÇA. Entendendo que cada pessoa é um ser único, o emprego da Psicanálise na busca da origem da doença através das entrevistas em seu modo clínico nos leva a trabalhar no campo da ética, e como ética se revela - ética do impossível - já que não impõe uma determinada moral aos seus pacientes, mas deixa a cargo dos mesmos tomar a decisão por si mesmo.
Introdução
Em meu campo de estudo venho observando uma grande semelhança na problemática entre adictos (usuário de álcool e outras drogas), neuróticos e histeria.
A consideração de utilizar a Psicanálise tendo em vista o estudo sobre uma doença originária de uma fonte na qual o paciente reluta em falar ou mesmo não sabe discutir sua origem me chamou a atenção.
Levar em consideração que as ações do homem são fortemente influenciadas por uma instância que foge ao entendimento racional junto a uma problemática que em si apresentam características primitivas nos leva a procurar entender a expressão simbólica de um conflito psíquico se manifestando através do uso de algum tipo de substância que altere o humor, e então lincar o uso dessa substância como um representante psíquico das excitações provenientes do interior do corpo como uma descarga através de um objeto.
A maioria dos adictos (usuários de álcool ou outras drogas) se identificam pelas mentiras, manipulações ou egocentrismo, fatores que quando observados sob uma visão Freudiana, se encaixam dentro dos quadros estudados no campo da histeria, neurose e recalcamento, tendo como expressão o uso de substâncias que alteram o seu humor como mecanismo de defesa, busca de prazer ou até mesmo aceitação social.
Dar ênfase na dinâmica de transferência na relação do par (paciente – analista), onde o analista se identifica com a problemática tendo como fim identificar o gatilho através de uma análise sob o inconsciente.
Fato a ser apontado nessa dinâmica é a importância do observador já ter superado a problemática e então não só poder analisar as narrativas e atitudes do paciente, como já ter vivenciado os mesmos sentimentos, emoções e dificuldades do paciente, absorvendo a problemática e não sentir a dor, podendo assim dizer... ter uma melhor assertividade em dar o retorno ao paciente. Com isso o esperado é o analisador ter menos dificuldades ou uma quebra de barreira para atingir os conteúdos mais profundos dentro da análise. Vamos dizer que: _O par já começaria uma análise falando a mesma língua, ou até mesmo podemos dizer que pegaríamos um atalho dentro do processo.
Fato é que estou colocando em pauta a observação de usuários de álcool e outras drogas bem como seus comportamentos em estudo. Em geral a maioria dos adictos em estudo apresenta algum tipo de complicação;
• Na infância, ou em seu processo de desenvolvimento e até na vida adulta: como conflitos familiares, problemas na escola, perda de um ente querido, uma separação, dificuldades no trabalho, dentre outros;
Neste caso podemos relacionar esse tipo de problemática diretamente ao Ego (Instância psíquica que tem como principal função buscar um equilíbrio entre as descargas de excitação).
• Apresentam algum tipo de necessidade de aprovação ou sentimento reprimido: Em muitos casos, para ele, ele é sempre o melhor funcionário, filho ou a pessoa mais adequada para realizar uma função, onde na verdade ele não passa de um funcionário mediano ou simplesmente cumpre com sua obrigação, um filho tão amado quanto o outro, e assim por diante...; No caso do sentimento reprimido, a pessoa tem um grande potencial, mas se esconde por medo ou por algum outro motivo.
Neste caso relacionamos a problemática a uma tensão somática ou Pulsão e também ao egocentrismo;
• Já apresentavam comportamentos a ser observados antes do uso da substância como: pessoas superativas, bagunceiras, nervosas, preguiçosas, isoladas, dentre outras.
Apontamos neste caso o Recalcamento. E também habilidades sociais.
• E, por incrível que pareça, são pessoas extremamente capazes e inteligentes com um poder de persuasão fora do comum.
Explanar a aceitação social dentro de um quadro de formação reativa, onde na tentativa de proteção ao Ego em virtude de sinalização de desejo, o indivíduo age de maneira oposta aquilo que deseja.
A busca de prazer com um olhar de regressão, onde se trata de algum ponto que demonstra uma expressão mais primitiva, ou seja, determinada reação que vai além das consequências esperadas. De outro modo, podemos pensar até em um desvio no desenvolvimento sexual, onde a busca de prazer seria direcionada ao Período de Latência – Onde os interesses sexuais são direcionados a outras áreas.
• A manipulação como pulsão em um processo dinâmico
A manipulação pode ser considerada uma pulsão intrínseca em um processo dinâmico que envolve interações sociais complexas. Neste texto, exploraremos a natureza da manipulação, suas motivações subjacentes e como ela se desenrola em diferentes contextos.
Manipulação: Uma Pulsão Inerente
A manipulação pode ser definida como o ato de influenciar ou controlar as ações, pensamentos ou emoções de outra pessoa de maneira oculta ou subversiva. Ela se origina, em parte, da necessidade básica do ser humano de satisfazer seus desejos e objetivos. Como tal, pode ser vista como uma pulsão inerente que se manifesta de maneira variável em cada indivíduo.
Motivações para a Manipulação
As motivações subjacentes à manipulação podem ser diversas. Algumas das razões mais comuns incluem:
Benefício Pessoal: A manipulação pode ser usada para obter vantagens pessoais, usar o amor que os familiares e amigos tem para com a pessoa para que ela atinja os seus objetivos.
Autopreservação: Em certos casos, a manipulação pode ser uma forma de autopreservação, onde um indivíduo tenta evitar situações desfavoráveis ou prejudiciais.
Controle de Relações: Em relacionamentos interpessoais, a manipulação pode ser usada para controlar ou dominar o parceiro, criando dependência emocional.
O Processo Dinâmico da Manipulação
A manipulação não é um evento estático, mas sim um processo dinâmico que evolui ao longo do tempo. Esse processo pode ser dividido em várias fases:
Identificação de Vulnerabilidades: O manipulador procura identificar as fraquezas, inseguranças ou necessidades do alvo, que podem ser exploradas.
Desenvolvimento de Táticas: Com base nas vulnerabilidades identificadas, o manipulador elabora estratégias para influenciar o alvo. Isso pode envolver o uso de elogios, chantagem emocional, mentiras ou outros métodos.
Execução da Manipulação: O manipulador coloca suas táticas em prática, buscando alcançar seus objetivos por meio da influência sutil ou enganosa sobre o alvo.
Reação do Alvo: O alvo da manipulação pode reagir de várias maneiras, desde resistência até conformidade, dependendo de sua percepção da situação e da manipulação em curso.
Consequências: As consequências da manipulação podem variar amplamente, desde a deterioração dos relacionamentos até o sucesso temporário do manipulador em alcançar seus objetivos.
Compreender as motivações por trás da manipulação e os estágios desse processo dinâmico pode nos ajudar a reconhecer, prevenir e responder de maneira eficaz a esse comportamento, promovendo relacionamentos mais saudáveis e transparentes em nossa sociedade.
E por fim a mentira como racionalização, onde há a construção de um argumento ou discurso, puramente racional, na tentativa de lidar com as angústias que assolam o Ego, ou seja, a toda ação que não é passível de explicação, coloca-se uma justificativa.
1. A Adicção
O que se pode afirmar é que a adicção é um vício, geralmente relacionado ao consumo de drogas ilícitas, mas que também pode significar qualquer dependência psicológica ou compulsão por coisas como: jogo, comida, sexo, pornografia, computadores, internet, videogames, notícias, exercício, trabalho, TV, compras etc.
Entre pacientes histéricos, neuróticos e usuários de álcool e outras drogas, é notável a semelhança entre a representação de afetos ligados a realização de desejos que provocam impedimentos em um nível inconsciente do paciente, que em virtude de dificuldade de elaboração psíquica em atribuir um sentido a experiência, manifesta o sintoma no plano somático (corpo).
De acordo com Freud, toda neurose representa uma defesa contra ideias insuportáveis.
Abordo que devido à ausência de comportamentos socialmente hábeis, normalmente, pessoas consomem substâncias psicoativas em situações percebidas como conturbadas, por exemplo: beber na tentativa de reduzir a ansiedade e fumar como um meio de acalmar os nervos.
Com relação às neuroses, tem que esta psicopatologia não se manifesta por meio de uma ruptura com a realidade. Estados neuróticos incluem fobias, obsessões e compulsões, alguma depressão e amnésia.
Em psicologia moderna, neurose é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico. Diz respeito a qualquer transtorno mental que, embora cause tensão e incômodo, não interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa.
Tomando como ponto de partida essa constatação, podemos especular que a maioria de nós é neurótica. Essa ideia também era defendida por Freud, que em inúmeros trabalhos abordou a neurose da vida cotidiana.
Devemos levar em consideração que um dos aspectos da doença da Adicção é o comportamento mentiroso, manipulador e egocêntrico, e em sua maioria por mais que a doença seja percebida por outras pessoas, o doente trás para a sua realidade que não tem nada de errado. Entramos dentro de uma análise que o paciente em seu estado consciente projeta uma realidade que é real apenas para ele.
Para dar início a esse tipo de tratamento é necessário que o analista não alimente a doença e sim aponte os seus "erros" e ajude organizar uma situação de desordem mental. Deve ser levado também em consideração que na maioria das vezes o paciente NÃO DESEJA SAIR DE SUA ZONA DE CONFORTO.
A dificuldade do analista em distinguir o que é verdade, mentira ou manipulação é muito maior quando o analista não tem vivência do processo nesse caso, pois como dizemos "nada melhor do que um adicto para entender o outro", então adotamos a prática de transferência par (PACIENTE – ANALISTA).
É aqui que as coisas ficam interessantes... encontramos barreiras. Como mencionado anteriormente, estamos lidando com uma problemática física e também mental.
De uma forma um pouco resumida poderíamos resumir todo o contexto do que estamos falando em mecanismos de defesa.
Em um artigo sobre a racionalização como mecanismo de defesa escrito por Paulo Vieira, gestor de conteúdos do Curso de Formação em Psicanálise Clínica , ele fala sobre a Racionalização como mecanismo de defesa da mente. Isso significa que o processo racional está sendo usado pelo ego (nossa estrutura psíquica responsável pela autopercepção e pela relação com a realidade externa) com o objetivo de manter o ego como está. Por isso, uma defesa.
Dizer que existem mecanismos de defesa da mente significa dizer que uma parte da nossa mente age para manter o seu funcionamento tal como está hoje. E essa é uma das nossas primeiras barreiras dentro do processo.
Como funcionam os mecanismos de defesa?
Se uma pessoa tem um quadro de (“depressão” leve), entenderíamos que a mente agiria para justificar que tudo continue assim. Desta forma, adquire-se um bloqueio no sentido de prevenir que o problema seja visto por uma outra ótica e “corra o risco” de ser superado. Claro, isso não é feito intencionalmente.
Mas, por que a mente preferiria manter-se sofrendo? Por que o ego agiria por vezes com apego a um mal-estar, transtorno ou incômodo psíquico, ao invés de enfrentá-lo? E por que a racionalização usaria a razão de uma forma tão “irracional” para preservar uma parte de nós inacessível?
A resposta mais provável: é que enfrentar um mal-estar exige uma grande energia psíquica, que o ego prefere economizar. E, se o ego se apega a um mal-estar, pode ser por vislumbrar neste apego algum benefício, ainda que mínimo e distorcido.
Como funciona a Racionalização como defesa e resistência?
A racionalização é, na psicanálise, um recurso por vezes entendido como “pouco racional”, em que o sujeito usa de argumentos lógicos misturados a simplificações e estereótipos para que a psique do sujeito permaneça em sua situação atual de pseudo-conforto.
É como se o ego se reconfortasse ao racionalizar, pois o racional é valorizado socialmente e não ensejaria um embate a priori contra os preceitos do superego. Isto é, o ego que racionaliza não se sente culpado, pois imagina que esteja fazendo a coisa certa. Pois, se o ser humano é um animal racional, ao usar o raciocínio estou sendo humano. Isso fortalece ainda mais esta defesa.
• Podemos ressaltar que o conceito de Mecanismo de Defesa é usado pela maioria dos psicanalistas para se referir à forma como a mente se organiza para impedir um encontro com aspectos inconscientes geradores de “desconfortos potencialmente libertadores”.
2. Identificar-se com a problemática
Anteriormente citei semelhança entre usuários de álcool e outras drogas, histeria e neuróticos, tendo como fonte minha experiência pessoal e profissional no atendimento de Adictos e familiares co-dependentes.
Começar uma análise facilitada por um enfraquecimento do recalque através de um agente facilitador, onde nosso agente facilitador é o analista que já superou a problemática, tem como objetivo não apontar a direção, e sim facilitar o caminho do processo, fazendo que o processo seja menos doloroso e eficaz.
Dessa maneira, começar uma análise com menos resistência, sugere um processo de evolução analítica mais eficiente onde nos resta identificar o gatilho, sabendo que a doença é igual, mas o agente causador difere de cada sujeito.
Não confundir essa técnica com o método experimental da introspecção utilizado por Wundt, onde, apesar de ter trazido o status de ciência para a Psicologia, sua utilização sistemática passou a apontar limites que contribuíram para o surgimento de outros métodos de experimentação. Onde o principal limite que havia no método da introspecção é que dependia do relato do indivíduo que se auto-observava, ou seja, o observador e o observado eram a mesma pessoa e isso dificultava a fidedignidade dos dados.
Isso, dentre outras críticas ao método introspeccionista, possibilitou o surgimento de um método que separava o observador do observado e trazia a possibilidade de coletar dados quantificáveis e mais fidedignos, sendo conhecido como método comportamentalista ou behaviorista.
Tendo em vista que a maioria dos usuários de álcool e outras drogas desconhecem a origem de sua doença, trabalhar o inconsciente através da prática da associação livre, uma vez que o inconsciente é regido pelo princípio do prazer, pode nos indicar o gatilho.
Entender que como características fundamentais o inconsciente não apresenta uma "lógica racional" e que opera segundo as leis dos processos primários é importante. O que nos leva aos processos secundários (consciente e pré-consciente) a fim de entender o inconsciente.
Neste caso, relaciono o gatilho com uma pulsão de auto conservação, onde as pulsões de auto conservação se constitui na busca pela realização e satisfação das necessidades essenciais e exigências provenientes da sua estrutura somatopsiquica (entendimento de corpo (soma) e psique), onde o adicto em sua fase ativa (doente) tem como pulsão priorizar o uso de uma substância que altere o humor ao invés de uma busca por alimento ou calor como necessidade essencial.
3. Aspectos do ID, Ego e Superego na Adicção
“A princípio, a personalidade do indivíduo revelou-se para Freud como um espaço de conflitos e acordos psíquicos, em que os instintos se opunham, em que pulsões biológicas eram bloqueadas por proibições sociais. Para ordenar este caos aparente, Sigmund Freud empreendeu uma classificação, organizando o sistema em três componentes básicos: O Id, o Ego e o Superego.”
https://www.psicanaliseclinica.com/ego-id-superego-teoria-psicanalitica-de-freud/
ID - Para Freud, o recém-nascido é puramente ID, ou seja, um aglomerado de impulsos (ou pulsões) desorganizados e sem direcionamento. Isso significa que, nessa fase, não há um EGO estabelecido, ele deverá ser constituído a partir das vivências e experiências subjetivas, que, a cada dia, vão confrontar a constante busca pela realização do desejo (do ID), seja pelos castigos institutos às tentativas de satisfação, seja pela impossibilidade de realizá-lo.
EGO - Para Freud, o nascimento do EGO advém da primeira infância, onde os laços afetivo/emocionais com os “pais” são substancialmente intensos. Ou seja, essas experiências que se figuram na forma de orientações, sanções, ordens, proibições, entre outros, vão fazer com que a criança introjete e registre no inconsciente essas emoções subjetivas, e que darão “corpo” à sua estrutura psíquica e, sobretudo, na formação de uma estrutura egóica.
O SUPEREGO controla regras sociais e morais que buscam domesticar aquilo que, no ID, é puro desejo e pulsão. Se o ID realizasse no mundo toda esta energia (de busca por satisfação de pulsões primitivas), a vida social seria impraticável (o EGO seria punido, por isso o SUPEREGO se antecipa, para restringir os impulsos do ID).
“O Id, Ego e Superego na Personalidade refere-se ao conjunto de sistemas psicofísicos que determinam o ajuste entre o indivíduo e o meio em que vive. Embora apresente características comuns, a personalidade é própria para cada indivíduo. Além disso, apresenta a característica de ser temporal, à medida em que se refere a um indivíduo que interage historicamente.” https://www.psicanaliseclinica.com/ego-id-
superego-teoria-psicanalitica-de-freud/
AO RELACIONAR A MENTE DE UM ADICTO AO SISTEMA DA TEORIA ESTRUTURAL de Freud, estou dizendo que um adicto não nasce adicto e não se torna adicto de um dia para o outro.
Então, uma mente sadia - relacionada ao Superego - exposta a fatores externos que possam interferir no amadurecimento do EGO, interfere no ID e nas boas relações objetivas do EGO, levando a atividade do Superego a se manifestar em atividades anti-instintivas defensivas.
A Adicção é uma doença física, mental, espiritual e podemos dizer que também é uma doença do comportamento. Essa doença é reconhecida no campo psiquiátrico como - Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras substâncias Psicoativas (Cid 10, F10-F19).
Podemos relacionar essa doença também a uma problemática social, onde pessoas desinformadas encaram o fato como falta de vergonha na cara, sem-vergonhice, dentre outros. Então, em muitos casos a doença é deixada de lado ao invés de oferecer tratamento. Estou relacionando os aspectos físicos, mentais e comportamentais da doença dentro do campo psicanalítico onde relaciono alguns aspectos dentro dos processos psicanalíticos e suas características e apontar onde se encaixam dentro da visão estrutural das instâncias do ID, EGO E SUPEREGO.
Na divisão topográfica da personalidade, compreende o consciente, préconsciente e o inconsciente. E na teoria estrutural conseguimos a correspondência que falta a teoria topografica. Na concepção de Freud, em função, edições psíquicas que se apresentam habitualmente associadas entre si, em situações de conflito mental e das que se coloca em oposição, uma parte é chamada:
• ID - acha-se diretamente relacionada com os impulsos instintivos.
• A outra EGO - este regula ou opõe-se aos impulsos, executando função mediadora entre estes e as exigências do mundo externo.
Podemos dizer que VAMOS TRABALHAR O EGO a fim de deixar sua função reguladora em harmonia para lidar com o processo de transição do ID.
“O pobre do ego passa por coisas ainda piores: ele serve a três severos senhores e faz o que pode para harmonizar entre si seus reclamos e exigências. Esses reclamos são sempre divergentes e frequentemente parecem incompatíveis. Não é para admirar se o ego tantas vezes falha em sua tarefa. Seus três tirânicos senhores são o mundo externo, o superego e o id” (FREUD, 1932).
Incansavelmente, o EGO, enquanto instância psíquica lança mão de atributos que o tornam fundamental na dinâmica do funcionamento do aparelho psíquico (ZIMERMAN, 1999):
● Funções essenciais (parte consciente) como percepção, memória, atenção, antecipação, pensamento, linguagem e comunicação, entre outros, na tentativa de buscar adaptabilidade ao mundo externo;
● Funções mais complexas (parte inconsciente) como na produção das angústias, mecanismos de defesa, fenômenos de identificações e formação de símbolos.
● Representação e estruturação da identidade do sujeito.
Relacionando o processo primário do inconsciente analisamos algumas características em comum:
• A predominância do princípio do prazer - O homem normal aprende a esperar e a acomodar-se a fim de conseguir a satisfação dos instrumentos. Em contrapartida, o Adicto que se encontra no processo primário, não suporta o desprazer, pois as tentativas do inconsciente buscam sua satisfação, sem preocupar-se com as consequências que ela possa apresentar.
• Em sua maioria, usuários de álcool e outras drogas a realidade interna é tão valorizada ou mais que a externa. Muitas das vezes o adicto inventa uma justificativa para o uso de sua substância de preferência e acaba acreditando nela, vivenciando um fato inverídico, como se fosse verdade. Acredita nas próprias mentiras. Caracterizando uma - Igualdade de valores para a realidade interna e a externa, ou supremacia da primeira.
Neste caso, estou levando em consideração que: _Sim. O uso de uma droga ou substância Psicoativa é prazeroso e utilizado de forma correta com o aconselhamento de um médico, é benefício quando necessário. Fato é que algumas pessoas conseguem usar e parar ou usar de forma controlada, e outras não. Vou citar, por exemplo, uma pessoa que se satisfaz com uma ou duas taças de vinho e outra que não tem limite. Outro caso pode ser de uma pessoa que toma um medicamento para dormir quando necessário, e outro que torna isso uma rotina, e também pessoas que provam algum tipo de substância Psicoativa e não gosta e outras que "se apaixonam a primeira vista".
Vale a pena ressaltar que nem todo usuário de algum tipo de substância Psicoativa é um adicto e DESCONHECEMOS A ORIGEM DESSA
DOENÇA. Entendendo que cada pessoa é um ser único, o emprego da Psicanálise na busca da origem da doença através das entrevistas em seu modo clínico nos leva a trabalhar no campo da ética, e como ética se revela - ética do impossível - já que não impõe uma determinada moral aos seus pacientes, mas deixa a cargo dos mesmos tomar a decisão por si mesmo. Então estamos falando de tratar de uma doença progressiva, incurável e fatal (Livo Azul N. A. – Narcóticos Anônimos).
• O aspecto físico da doença da Adicção se manifesta através da compulsão, então relacionamos este ao predomínio do princípio do prazer.
• O aspecto mental se manifesta através da obsessão, onde no processo primário do ID, diante da manifestação do desejo, forma no plano imaginário, objeto que permitirá sua satisfação imediata das necessidades. O processo primário é sua tentativa alucinatória de satisfação imediata. Não questiona qualquer aspecto da adaptação do desejo à realidade física, social ou moral.
• O aspecto comportamental da doença como grandes conflitos entre o ID, EGO e SUPEREGO que determinarão a constituição de uma subjetividade (ou forma de funcionamento psíquico) neurótica, psicótica ou perversa.
Sendo assim, e considerando as funções egóicas instaladas dentro do funcionamento psíquico, há que se entender que, dentro do funcionamento da estrutura do EGO, existem mecanismos que vão possibilitar à pessoa o estabelecimento de uma relação com o mundo (normal ou patológica), mas que garanta sua sobrevivência psíquica a fim de evitar o colapso.
O DESAFIO das entrevistas é analisar o paciente a fim de descobrir o que em seu inconsciente faz com que o sistema trabalhe de forma ineficiente.
3. Considerações sobre a abordagem
A abordagem considerada neste trabalho a respeito da adicção a drogas está em concordância com Fleming (2001, 2009), considerando que ela pode se desenvolver a partir de um “terreno de fragilidade psíquica”, resultante de experiências precoces de ruptura ou descontinuidade no desenvolvimento. Se esta fragilidade não for transformada ao longo da vida, são criadas condições propícias para a apetência de soluções que oferecem uma ilusão de ajuda para aliviar um sofrimento nunca elaborado, porque nunca visto e compreendido.
Do ponto de vista da teoria winnicottiana, a adicção teria como vulnerabilidade psíquica uma patologia na área dos fenômenos transicionais. Winnicott (1958/1975) postula que tais fenômenos começariam no primeiro ano de vida do bebê e designariam a área intermediária da experiência, sendo anterior e necessário ao simbolismo. Seria o uso da primeira possessão “não eu”. O autor considerou que o objeto transicional representaria o seio ou o objeto da primeira relação, precedendo o teste da realidade e sendo a experiência de passagem do controle onipotente do objeto para sua manipulação; seria o início do relacionamento da criança e o mundo. Sua importância residiria no fato de constituir a primeira expressão da transição entre a indiferenciação mãe-bebê, a internalização do objeto e a organização de uma relação de objeto. (Aval.psicol. vol.14 no.3 Itatiba dez. 2015).
Cada ser humano é um ser único e são vários fatores que nos tornam diferentes uns dos outros. Na linguagem popular, ouvimos dizer que: "_somos fruto do meio em que vivemos." e isso faz sentido dentro de um olhar observador.
Boa parte do que somos ou aparentamos ser faz parte de um grupo da sociedade em que vivemos, onde o nosso bem estar depende do meio em que vivemos, então, podemos dizer que somos seres "selecionáveis" dentro deste meio. O que nos faz ser aceitos ou não, é nossa maneira de lidar com o meio.
De um modo geral, nos identificamos com o meio que desejamos ou somos objeto de desejo do meio.
Nosso parentesco tem um papel fundamental dentro desse processo, onde a formação da personalidade está diretamente relacionada ao estágio edipiano que vai dos 0 aos 6 anos de idade. Estágio esse que vai influenciar em nossa personalidade para o resto de nossas vidas. O meu ponto de partida para relacionar a problemática do Adicto vai ser dos 7 aos 12 anos de idade (após o período de latência), entendendo que essa doença, também é uma doença do comportamento.
Quando relaciono a problemática da Adicção a um problema do comportamento e a teoria Freudiana, estou levando em consideração que a maioria dos adictos já tiveram algum tipo de problema antes ou após o período de latência, adolescência e no decorrer de sua vida, entendendo que a problemática pode ter como gatilho um problema psíquico relacionado ao meio em que vivemos. Ligar uma doença a um problema que hoje é considerado como uma epidemia mundial nos leva a pensar na criação de nossos filhos, onde vivemos em uma "era digital", e temos uma facilidade muito grande de manter contato não só com o meio em que vivemos, mas também em uma escala global, facilitando o acesso a outras culturas, línguas, etc... que bem utilizada pode ser muito sadio ou de outra forma pode expor nossas crianças a um mundo destrutivo. Isso nos leva a pensar que podemos estar fazendo o melhor para que nossos filhos tenha um crescimento saudável, mas fatores externos possam estar interferindo no processo.
Vale ressaltar que um adicto não vira adicto de um dia para o outro e todos nós seres humanos temos uma pré-disposição a todo e qualquer tipo de doença. Entendendo também que pré-disposição, não quer dizer herança genética. Quero dizer que já tendo uma pré-disposição e nos expondo a fatores externos, estamos sujeitos a adquirir a doença com mais facilidade.
Estou citando fatores externos como facilitadores de uma problemática que nos acompanha dês de nossa infância na formação da personalidade, interferindo em nosso caráter. Vulnerabilidades psicológicas, biológicas e sociais compõem uma interação circular que faz fecundar a adicção, podendo-se identificar certas dimensões sobre a personalidade adicta (Fuscaldo, Bisol, & Lara, 2013; Seleghim & Oliveira, 2013; Souza & Kallas, 2009 Varescon, 2005). Estas não se configuram necessariamente presentes em todos os casos, mas devem ser consideradas, para tratamento e prevenção, com aspectos relativos ao funcionamento psíquico dos pais e à dinâmica familiar (Brook, Lee, Finch, & Brown, 2012; Cavaco, Jesus, & Rezende, 2009; Chaussin & Handley, 2006; Fleming, 2001; Madruga et al., 2011).
Sugestões de abordagem
Cada ser humano é um ser único. Não podemos desconsiderar fatores como o meio em que ele vive, levar em consideração suas habilidades sociais e “problemas” relacionados ao seu cotidiano durante o processo, mas podemos pegar um atalho simplificando a problemática em 2 partes. – Corpo e mente. E trabalhar as questões (meio, habilidades sociais e problemas) durante o decorrer do tratamento.
- Corpo: Vou relacionar a problemática corpo num primeiro momento como intoxicação, e por mais absurdo que pareça dizer isso, esse é o menor dos nossos problemas. Ao dizer isso, estou falando que o processo de desintoxicação é simples. Pessoas não morrem por falta de substâncias psicoativas e sim pelo uso, digo o mesmo no caso de uma separação de pessoas viciadas em jogos, sexo, dentre outros. Então basta retirar a droga ou a pessoa do meio. Uma ajuda profissional deve existir pois vários fatores envolvem esse processo como desconforto, alterações de humor, crises de abstinência, ansiedade, depressão e em alguns casos até um risco durante a “separação”, pois crises de abstinências são imprevisíveis. Sugiro essa separação em um ambiente controlado com profissionais apropriados.
- Mente: Essa está programada para se manter no estado em que se encontra, então vamos começar a bagunçar tudo para que depois possamos organizar. De um jeito fácil de entender, o que estou sugerindo é uma “reprogramação” mental. É aqui que começa o que eu chamo de “jogo psicológico”. Temos que estar prontos para os processos de resistência que virão. Vou ser menos técnico no quisito psicanalítico e abordar uma linguagem mais objetiva pois estamos cientes de como a mente e corpo estão programados para uma “não mudança” e o que sugiro é começar abrir espaços para uma nova ideia dentro de uma mente com uma opinião já formada. Se já houve uma ruptura no processo do uso (3 meses ou mais), então nesse caso já passamos ou estaremos passando pelos processos de mentiras, manipulações e jogos emocionais que envolvem o processo. É muito fácil separar uma pessoa de sua droga de preferência. Difícil é fazer com que essa “droga” saia da mente da pessoa. Por isso não basta simplesmente isolar um dependente em um local seguro ou controlar seus passos. É necessário trabalhar a mente doente para chegar em um processo saudável.
Vale a pena lembrar que não conseguiremos entrar nesse estágio antes do processo de separação, pois durante o processo de separação vamos lidar com sentimentos de raiva, fúria, negação, negociação e por fim... uma falsa aceitação. Isso mesmo... uma falsa aceitação: o mecanismo de defesa sugere que é melhor fingir uma aceitação para que o adicto possa fugir do processo de tratamento para que depois volte a sua zona de conforto. “Andando em círculos? _A resposta é não!!! Estamos apenas começando uma nova fase. Mais um de vários estágios. Não desanime pois como dito anteriormente estamos em um jogo psicológico e se já estamos em um outro estágio é porque estamos avançando... seguindo em frente!.
O interessante disso tudo é que antes estávamos tentando adicionar uma ideia dentro de uma mente com opinião formada, agora já temos um fator chamado “agindo como se”, ou seja uma falsa ideia já é uma ideia, mesmo que falsa, e isso sugere uma redução de danos dentro do processo, pois o que antes era descaradamente normal agora já é algo a ser levado em consideração. Então quando um adicto finge estar se cuidando, na verdade ele realmente se cuida em determinados momentos.
_Vou dar um exemplo simples. “Se eu falo muito palavrão e começo a me policiar perto de certos grupos onde esse tipo de linguajar não é muito bem aceito, logo falar menos palavrão acaba se tornando parte do meu cotidiano e como objetivo secundário não programado o meu linguajar acaba por ser enriquecido”. Simples assim!.
O mesmo acontece com a falsa aceitação. Algumas regras ou limites começam a ser levadas em consideração e assim temos um processo de redução de danos. Como objetivo secundário não programado, estamos abalando a estrutura de uma opinião formada para algo diferente. Então o que era uma opinião formada agora é algo que está sendo modificado.
Como dito anteriormente: uma pessoa não se torna dependente de um dia para o outro, então devemos estar prontos para uma jornada demorada. Não existe uma fórmula mágica. Como estamos trabalhando no campo da ética e acreditando que a “cura” está com o próprio paciente; iniciar um processo onde paciente esteja ciente de como sua mente funciona e os caminhos que seguirão pela frente pode ser um agente facilitador para um canal de entrada durante o início do processo de tratamento. Tudo se torna bastante interessante quando fazemos um quadro e indicamos onde o paciente se encontra dentro do processo. “_Eles querem sempre estar em um estágio mais avançado!”, mesmo que não digam. E isso é um agente provocador.
Embora o lado irracional da doença queira se manter onde está, o lado racional é bem curioso e auto critico, ele também impulsiona um sentimento de “não perda”. O que estou tentando dizer é que ninguém gosta de perder e adictos são pessoas extremamente competitivas nesse contexto. O esperado no início desse processo é uma minimização da problemática por parte do paciente nesse estágio. Então damos uma trégua no que diz respeito a vício e entramos numa vertente de perdas e danos.
Vamos deixar o paciente um pouco mais a vontade e trabalhar o lado consciente onde ele consiga por si mesmo enxergar os danos provenientes de sua vida adictiva e muitas das vezes até fazer uma contra visão por escrito de como estava a sua vida profissional, amorosa, familiar, financeira, física, mental e assim por diante. Perdas e danos é uma regra dentro de uma vida adictiva e a tendência é piorar. Não existe exceção e é por esse motivo que jogar as cartas na mesa e fazer com que o adicto consiga se enxergar dentro desse processo é importante. Vale ressaltar que não estamos falando de um monstro, mas apontar que fatores negativos eram maiores e mais constantes do que breves momentos de felicidade. Logo vou falar também da co-dependência onde relaciono como um adicto também adoece quem está ao seu redor.
Não devemos julgar o ângulo de visão do adicto, mas em sua maioria o resultado de sua perspectiva de como sua ”vida” está ou estava vai ser mais favorável do que negativa, afinal, é nisso que ele acredita. Isso nos abre um leque de possibilidades favoráveis a um início de mudança real. Muita das vezes quando dizem que sua vida estava boa é porque realmente gostariam que estivesse boa; então damos início num trabalho de mudança “para melhor”, trabalhando fatores que impediam a melhoria de sua qualidade de vida. _Note que não julgamos algo que estava ruim e sim pegamos o ângulo de visão que parecia favorável e fazemos com que ele melhore. O papel do terapeuta nesse processo é ajudar identificar fatores desfavoráveis e fazer com que o paciente tome iniciativas para uma mudança. O importante é que o próprio adicto supere esses fatores por si só. Eu não vou ajudar ele a arrumar um emprego se eu compro o cigarro, pago as contas, compro as roupas, dou um telefone, etc...
Entender que esse processo para o adicto é desgastante e muito mais trabalhoso do que para uma pessoa normal é importante pois estamos lidando com uma pessoa dependente. Antes era dependente de um vício... agora estamos lidando com adultos “infantilizados”.
Isso mesmo! A partir do momento em que a vida adictiva comessa, o doente gasta todo o seu tempo e energia em virtude de seu vício e isso o afasta de responsabilidades o estagnando em um ponto de não crescimento. Responsabilidades e momentos de amadurecimento são descartadas em virtude do vício. Isso o leva a um estágio onde pessoas saudáveis também se tornem doentes, abrindo mão de seu tempo e conforto e assumindo responsabilidades que deveriam fazer parte do dia a dia do adicto.
Faz parte do processo fazer com que um adicto adulto tenha responsabilidades de um adulto ou que um adolescente seja tão responsável como um adulto. Ter um ofício, mesmo que o salário não seja bom, ter a responsabilidade de pagar uma conta, ajudar com as despesas de casa, conquistar o seu próprio aparelho celular, comprar um tênis... esses exemplos simples ajuda com que o adicto tenha alguma meta e se movimente para fazer cumprir.
É conveniente sair de uma dependência química e continuar sendo dependente em outros sentidos. Então amor é dar o básico e mostrar o caminho e gosto da conquista. Tal como deveria ser; digo isso, pois tal processo que deveria ter se dado de forma natural foi interrompido pelo vício. Isso não o faz ser insensível e sim responsável. O responsável não vai estar sempre por perto.
“Ensine-o a pescar... não dê o peixe!.”
Pessoas ocupadas são pessoas que estão correndo atrás de seus objetivos e muitas das vezes estão tão cansadas e envolvidas com os seus afazeres que no final de um bom dia de trabalho o seu único objetivo é o descanso. A falta de comprometimento com algo que seja significativo demonstra a mesma estagnação infantil.
4. Habilidades Sociais
“Diversos estudos apontam para o fato de que a ausência de habilidades sociais está relacionada com uma série de transtornos mentais, entre eles, a dependência química”.
“Além do mais, é de suma importância ressaltar que tais habilidades exercem função central tanto na prevenção, como na recuperação e manutenção de diversos tipos de tratamento, incluindo os tratamentos voltados para dependentes químicos.” (Figlie; Bordin; Laranjeira, 2010)
O QUE SÃO HABILIDADES DE SOCIAIS
• É uma característica do comportamento e não das pessoas.
• É uma característica específica à pessoa e ao contexto, não universal.
• É uma característica da conduta socialmente eficaz, não danosa.
(observar efeito na pessoa e nos outros).
“Dentro desta estrutura conceitual, o transtorno por uso de substâncias se mantém, em parte, pelos efeitos farmacológicos da substância (ou seja, o efeito reforçador produzido pela droga quando em interação com o organismo)”...
...”mas principalmente pelos efeitos oriundos dos reforçadores sociais (ou seja, do tipo não farmacológico, que são derivados do estilo de vida do usuário).” (Cardim; Mendes; Moraes, 2017)
Parcialmente dependente de um contexto mutável, visto que a habilidade social deve ser considerada dentro de um contexto cultural determinado e os padrões de comunicação variam de forma ampla entre:
• Classe social
• Educação • Idade
• Sexo
• Cultura
“Devido à ausência de comportamentos socialmente hábeis, normalmente, os indivíduos consomem substâncias psicoativas em situações percebidas como conturbadas, por exemplo: beber na tentativa de reduzir a ansiedade e fumar como um meio de acalmar os nervos.”
“O uso de substâncias psicoativas é em grande parte influenciado por expectativas e crenças adquiridas sobre a droga de escolha como um antídoto para lidar com situações conflitantes e sentimentos negativos.”(Marlatt & Gordon, 1993).
O Treinamento de Habilidades Sociais (THS) foi desenvolvido com o intuito de aumentar a assertividade, bem como uma série de outros comportamentos adaptativos de indivíduos que apresentam pouca ou nenhuma habilidade para lidar eficazmente com as situações do seu cotidiano, principalmente sobre aquelas mais estressantes e propiciadoras de recaídas.
Para Lange (1981) há quatro etapas importantes na aplicação do THS:
• O desenvolvimento de um sistema de crenças que mantenha um grande respeito pelos próprios direitos de pelos diretos dos demais.
• A distinção entre comportamentos assertivos, não assertivos e agressivos.
• A reestruturação cognitiva de forma de pensar em situações concretas.
• O ensaio comportamental de respostas assertivas em determinadas situações.
Conclusão
A formação da personalidade está diretamente relacionada ao estágio edipiano que vai dos 0 aos 6 anos de idade. Estágio esse que vai influenciar em nossa personalidade para o resto de nossas vidas.
Partindo do período de Latência, esse período é marcado por um hiato (intervalo) na evolução da sexualidade. Com início, em geral, após os seis anos de idade, a criança entra em um momento de “amnésia relativa” em relação às experiências subjetivas vividas anteriormente.
Dou ênfase no período de Latência, onde ocorre uma repressão das sensações erógenas, em favor do desenvolvimento do ego e da construção das relações sociais, pois estou encarando a problemática como um problema também comportamental e influenciado pelo meio, onde me referi a doença como proveniente de uma pré-disposição e não uma herança genética e também como uma característica do comportamento e não das pessoas.
Na psicanálise, todo ser humano tem algum problema psíquico. Isso porque todos reprimem alguma realidade em algum momento da sua infância.
Outro ponto importante dessa transição de saída do período de latência está no desenvolvimento das ESTRUTURAS EGÓICAS, graças às vivências que estão por vir.
E sabendo que é parte fundamental da constituição do EGO manter uma regulação egóica, no sentido de CONTER E RETARDAR A SATISFAÇÃO IMEDIATA (proveniente do ID) e tolerar, inevitavelmente, o desprazer dessa impossibilidade. Levo em consideração que substâncias psicoativas e comportamentos provenientes da doença afetam diretamente essa estrutura.
Nesse momento de Latência, portanto, a criança dirige sua libido ao desenvolvimento social, ou seja, o ingresso no período escolar formal, a experiência com outras crianças, onde a prática de atividades físicas, como o esporte, possibilita a formação e o amadurecimento do caráter, uma vez que é exposta a aspirações morais e sociais (ZIMERMAN, 1999). Contrapartida, o ADICTO direciona toda essa energia a outros aspectos. Aspectos esses que me refiro como problemas no que são chamadas de HABILIDADES SOCIAIS.
Em minhas observações, ADICTOS... em sua maioria, começam apresentar sintomas relacionados a partir desse período. Fato que se melhor compreendido no início, muitos dos “pacientes” ou muito da doença poderia ser evitada se tratada a partir dessa observação.
Se houver algum conflito nas fases de desenvolvimento da sexualidade e ele não for satisfatoriamente resolvido, posteriormente a criança se tornará um adulto com sentimentos reprimidos. Esses sentimentos vão aparecer na fase adulta através de sintomas.
Aponto também que, uma mente sadia - relacionada ao Superego - exposta a fatores externos que possam interferir no amadurecimento do EGO, interfere no ID e nas boas relações objetivas do EGO, levando a atividade do Superego a se manifestar em atividades anti-instintivas defensivas.
Sim, estou falando agora que um fator preventivo seria muito mais eficaz do que um tratamento. Momento esse que a falta de informação dos pais na criação ou até mesmo a negação da problemática acontece.
É possível entender, através do estudo da psicanálise que todo ser humano tem potencialmente um atributo pervertido, pois as orientações, desejos e gostos não são iguais.
Freud entende de forma ampla que perversão é tudo aquilo que na sexualidade não visa a reprodução, não visa o padrão pênis-vagina atribuído à fase adulta genital. É o que todo ser humano busca desde que nasce busca inconsciente ou conscientemente o prazer, isso pode levar a buscas e experimentações diferentes.
Por ultimo e não menos importante. Outro fator a ser observado, é a quebra de barreira, ou atalho no par analítico onde o paciente é tratado por um observador que já superou a problemática entendendo suas dificuldades e não apontando os seus erros ou dificuldades, mas sim, auxiliar no processo de uma forma mais eficaz e menos dolorosa.
Referências bibliográficas
Apostilas Curso Psicanálise Clínica
(Figlie; Bordin; Laranjeira, 2010)
(Cardim; Mendes; Moraes, 2017)
(Marlatt & Gordon, 1993)
(Fuscaldo, Bisol, & Lara, 2013; Seleghim & Oliveira, 2013; Souza & Kallas, 2009 Varescon, 2005)
(Brook, Lee, Finch, & Brown, 2012; Cavaco, Jesus, & Rezende, 2009; Chaussin
& Handley, 2006; Fleming, 2001; Madruga et al., 2011)